projetos
projetos em andamento
Brasil Profundo: O petróleo, efeitos socioambientais e práticas de poder no estado do Rio de Janeiro (2023 - atual)
O objetivo do presente projeto é realizar uma pesquisa etnográfica sobre os efeitos socioambientais e as práticas de poder associados aos empreendimentos petrolíferos no estado do Rio de Janeiro. As novas “promessas” de desenvolvimento do setor com as descobertas de petróleo na Bacia de Santos, na camada pré-sal, ampliam as indagações e justificam a importância de um balanço sobre o que se passou nos últimos anos na chamada região da Bacia de Campos, rumo à compreensão desses efeitos no longo prazo, tanto da produção quanto das práticas de governança estatal e corporativa no campo ambiental. Nota-se que estamos diante de um contexto político de grande fragilidade na esfera do direito e da justiça socioambiental. Nesta direção, procurarei explorar as interfaces entre as práticas estatais e empresariais voltadas para a promoção do “desenvolvimento” e para gestão do “meio ambiente”, as estratégias regulatórias e jurídicas na gestão de territórios e populações e o reconhecimento de direitos socioambientais das comunidades atingidas pela exploração de petróleo, sobretudo os povos tradicionais, indígenas e quilombolas. (Coordenação de Deborah Bronz)
Territórios, Corpos e Meio Ambiente: reflexões e aportes para o desenvolvimento humano e social no Brasil (2023 - atual)
As disputas territoriais e por recursos naturais no mundo têm sido reportadas em diversos estudos encontrados na literatura científica e em plataformas virtuais e são subjacentes às discussões referentes à crise climática atual. A atuação do Estado enquanto principal agente financiador dos denominados grandes projetos de desenvolvimento tem se caracterizado pela ambiguidade do seu papel no que concerne à fiscalização e proteção do meio ambiente e dos grupos sociais mais vulnerabilizados e seus corpos, especificados por marcadores de raça, etnia e gênero. O recente processo de desconstrução dos ordenamentos jurídicos, políticos e institucionais referentes ao meio ambiente e aos direitos diferenciados de cidadania, sobretudo, dos povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, é parte de uma política antiambientalista permeada por violências de matizes diversos. Tal política, pavimentada por interesses econômicos de determinados segmentos sociais, ignora o compromisso do Brasil enquanto signatário da agenda 2030 da ONU, e de protocolos internacionais como a Convenção 169 da OIT e as Metas de Aichi. Esta proposta tem como objetivo aprofundar as investigações, empreender comparações e fortalecer a rede de pesquisadores de diversas regiões do Brasil e do exterior. Pretende-se que tais conhecimentos em colaboração com os grupos atingidos subsidiem o debate público e a formulação de novas estratégias de enfrentamento. Para tanto, atuaremos em diálogo interdisciplinar, interinstitucional e intercultural, em redes de conhecimento acadêmico e não acadêmico, em três eixos: a) Grandes empreendimentos e povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais; b) Legislações territoriais e ambientais e suas mudanças em relação aos direitos constitucionais vigentes; c) Antropologia como conhecimento em defesa dos direitos específicos e da diversidade cultural. (Coordenação de Andrea L. Zhouri)
Rede de pesquisas em antropologia, políticas públicas e direitos humanos (2019 - atual)
O presente projeto propõe a articulação de seis grupos de pesquisa sediados em três instituições de ensino superior – UFF, UFRJ e UERJ -, no estado do Rio de Janeiro, liderados por pesquisadoras com menos de 10 anos de doutoramento, a fim de consolidar e fortalecer uma rede de pesquisa, formação de recursos humanos e transferência de conhecimento vinculada à relação entre antropologia, políticas públicas e direitos humanos. A integração dos grupos propostos tem como eixo a produção de conhecimento, estratégias de divulgação pública e de inovação social em torno da relação entre áreas prioritárias das políticas públicas e direitos humanos, como: violência institucional e demandas por justiça, reparação e memória; refúgio e migrações; mobilidade e habitação; educação e desigualdades urbanas; meio ambiente e povos tradicionais; burocracias e modos de governo; e desigualdades de gênero. Por sua parte, a proposta de formação da Rede se justifica a partir do histórico acadêmico e profissional das pesquisadoras da equipe nos temas mencionados, bem como da articulação e parceria entre as mesmas já estabelecidas em espaços de socialização acadêmica como encontros, seminários, congressos, bem como na atuação de algumas delas na Associação Brasileira de Antropologia – ABA. (Coordenação Lucía Eilbaum)
Etnias e territórios: etnografando quilombos e conflitos socioambientais em áreas de ocupação tradicional e na fronteira amazônica (2019 - atual)
Retomando a pesquisa em territórios já estudados por integrantes do Grupo de Estudos Amazônicos e Ambientais – GEAM, desde os anos 1990, o presente projeto de pesquisa visa promover, a partir de uma perspectiva comparativa, uma reflexão sobre as mudanças recentemente observadas nas formas de ocupação das terras de quilombo situadas nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Pará. Na região sudeste, o avanço da ocupação regional impulsionado pela presença de uma intensa atividade de produção petrolífera na região da “Bacia de Campos”, associada a outros empreendimentos imobiliários e turísticos, é um dos principais fatores promotores dessas mudanças. Nos territórios da Amazônia brasileira, vemos crescer o número de iniciativas voltadas ao estabelecimento de novos parâmetros para implementação de empreendimentos de infraestrutura, do setor de energia, da mineração, agroindustriais, dentre outros. As comunidades dessas regiões vivenciam contextos de grande mudança social e intensos conflitos socioambientais, sobremaneira associados à modernização capitalista, que impõe novas dinâmicas sobre as modalidades sociais de ocupação e gestão territorial, a partir de múltiplos arranjos estabelecidos no Estado brasileiro com setores produtivos e grupos empresariais de origem nacional e internacional. O presente projeto visa a produção de um saber dialógico e etnográfico para ampliar a compreensão dos processos identitários associados às formas de ocupação tradicional, os modos de organização social das comunidades, a manutenção de suas práticas culturais e suas interfaces com as formas de regulação estatal e a configuração dos conflitos socioambientais estabelecidos a partir dos grandes empreendimentos capitalistas. A parte do projeto desenvolvida na região sudeste está sob coordenação de Deborah Bronz (UFF) e no caso da região amazônica a coordenação é de Eliane Cantarino O’Dwyer (UFPA).
Grupo de Estudos Cidade, Aldeia e Patrimônio (2019 - atual)
Na Cidade ou na Aldeia há patrimônios a serem conhecidos e resguardados como parte do ambiente quotidiano de povos e populações amazônicas. Patrimônios indígenas e não-indígenas se transformam em desafio, pois se constituem em presença viva do passado que lhe deu forma e o transforma em lastro da vida presente, compondo o mosaico indispensável à diversidade social, adquirindo dimensão ímpar, testemunhos das múltiplas faces da Amazônia. Para registrar este patrimônio faz-se necessário romper as fronteiras estabelecidas no território da Antropologia, mesmo considerando os quatro amplos campos da disciplina: Antropologia Social, Arqueologia, Bioantropologia e Linguística. Assim a associação à História, ao Direito e à Arquitetura permite pesquisar saberes que não se circunscrevem à um território e que pretende conhecer saberes e práticas oriundas da experiência de nativos, migrantes e povos etnicamente diferenciados pensado identidades culturais em contexto de globalização. (Coordenação de Jane Felipe Beltrão)
Práticas de estado, processos de reconhecimento territorial e desregulação ambiental em contextos Latino-Americanos (2018 - atual)
Este projeto propõe uma reflexão sobre o Estado e suas margens a partir dos processos de construção moderna de Estados-Nação em contextos latino-americanos, com ênfase no caso brasileiro; isto é, os processos do chamado nation building, nos quais empreendimentos capitalistas e estados-nação modernizantes são os dois mais importantes poderes que organizam o espaço hoje (Asad, 1993, p 8). O projeto de construção dos Estados-Nação brasileiro e latino-americanos é modernizador e, não se refere apenas a governantes que tentam implementá-lo, mas também aqueles que lutam contra ele (Idem) em espaços políticos legais estabelecidos. Assim, o poder hegemônico não elimina ambiguidades, nem homogeneiza, mas diferencia e classifica práticas, definindo junto com o projeto modernizador certas formas de fazer história. No caso do Brasil, após a Constituinte de 1988, segundo juristas, institui-se uma nova ordem jurídica diversa das anteriores, e com ela inaugura-se um novo Estado. (Coordenação de Eliane Cantarino O’Dwyer)
Práticas de Estado, Processos de Reconhecimento Territorial e Desregulação Ambiental em Contextos Latino-Americanos (2017 - atual)
Este projeto propõe uma reflexão sobre o Estado e suas margens a partir dos processos de construção moderna de Estados-Nação em contextos latino-americanos, com ênfase no caso brasileiro; isto é, os processos do chamado “nation building”, nos quais “empreendimentos capitalistas e estados-nação modernizantes são os dois mais importantes poderes que organizam o espaço hoje” (Asad, 1993, p 8). O projeto de construção dos Estados-Nação brasileiro e latino-americanos é modernizador e, “não se refere apenas a governantes que tentam implementá-lo, mas também aqueles que lutam contra ele” (Idem) em espaços políticos legais estabelecidos. Assim, o poder hegemônico não elimina ambiguidades, nem homogeneíza, mas diferencia e classifica práticas, definindo junto com o projeto modernizador certas formas de “fazer história”. No caso do Brasil, após a Constituinte de 1988, segundo juristas, institui-se uma nova ordem jurídica diversa das anteriores, e com ela inaugura-se um novo Estado. Mais recentemente, vemos emergir uma tendência generalizada de desregulação, acompanhando os discursos governamentais sobre a crise econômica, que tem levado à flexibilização das leis de proteção ambiental e à redução dos direitos territoriais nos países produtores de commodities, bens industriais e agrícolas. Nosso projeto tem como objetivo mais amplo refletir sobre os efeitos sociais desse cenários de desregulação ambiental e de perda de direitos territoriais, tanto do ponto de vista dos povos locais quanto das novas formas de governabilidade (incluindo as formas jurídicas que assumem) em que vemos convergir interesses governamentais e empresariais. Projeto desenvolvido em parceria entre o Grupo de Estudos Amazônicos e Ambientais (GEAM/UFF) e o Instituto de Estudos Comparados em Administração dos Conflitos – INEAC/INCT (UFF). (Coordenação de Deborah Bronz e Eliane Cantarino O’Dwyer)
Mineração, territórios e desigualdades ambientais no brasil: diversidade sociocultural e luta por direitos: o caso da terra indígena Awá (2015 - atual)
O projeto de pesquisa é concebido a partir de uma preocupação compartilhada com as consequências, para grupos sociais locais, da implantação de projetos ditos de desenvolvimento, em especial aqueles vinculados à expansão da mineração em várias regiões do Brasil. A expansão da atividade mineradora em grande escala e seus desdobramentos em outros setores econômicos têm provocado inúmeras situações conflitivas, envolvendo disputas territoriais, fortes alterações de ambientes e modos de vida locais, agressões a direitos legalmente garantidos ou conquistados historicamente. A necessidade de estudar melhor esses processos e contribuir na produção de conhecimentos sobre os mesmos reúne, no presente projeto, pesquisadores e estudantes de cinco universidades e seis grupos de pesquisa, de cindo diferentes estados do Brasil, a saber: Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA), vinculado aos Programas de Pós-graduação em Ciências Sociais e Políticas Públicas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA); Núcleo TRAMAS – Trabalho, Meio Ambiente e Saúde, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva e Laboratório de Geoprocessamento, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Geografia, ambos da Universidade Federal do Ceará (UFC); Grupo de Estudos Amazônicos (GEAM), vinculado ao Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense (UFF); Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais (GESTA), vinculado ao Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Grupo de Pesquisa TEMAS (Tecnologia, Meio Ambiente e Sociedade), vinculado ao Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O Núcleo de Excelência que aqui se reúne caracteriza-se pela realização de estudos multidisciplinares, na medida em que é composto por pesquisadores advindos da Agronomia, Antropologia, Economia, Geografia, Linguística, Biologia, Medicina e Sociologia. Seus estudos são também marcados pela transdisciplinaridade (LEFF, 2002), pois buscam realizar um intenso e respeitoso diálogo com saberes locais, populares, tradicionais e indígenas. (Coordenação de Eliane Cantarino O’Dwyer)
Grupo de Estudos Amazônicos - GEAM (2005 - atual)
A produção de conhecimento sobre populações tradicionais e situações de emergência étnica envolvendo comunidades remanescentes de quilombos e povos indígenas na Amazônia, pretende contribuir para a construção de uma antropologia do presente, do mundo em mudança e suas histórias, afastada de qualquer pressuposto da Amazônia como o lugar de uma fenda selvagem, que termina por negar a especificidade da diversidade. A reflexão sobre as experiências de pesquisa e trabalhos de assessoria e consultoria pelos membros do grupo junto a órgãos governamentais, ONGs e movimentos sociais, pretende igualmente produzir subsídios que possam fornecer a base para atuação na área de formulação de políticas públicas e formas de intervenção que não apenas possibilitem a reprodução das relações e categoriais sociais, mas também a garantia das condições para a perpetuação de tradições culturais e dos modos de vida dos grupos étnicos e sociais que reivindicam o direito à diferença cultural, à reprodução de suas práticas econômicas e sociais, bem como o respeito pelos seus saberes tradicionais e territorialidades específicas. (Coordenação de Eliane Cantarino O’Dwyer)
projetos realizados
Pesca e petróleo na Bacia de Santos. Efeitos e conflitos socioambientais na região marítima do Pré-Sal (2022 - atual)
O presente projeto de pesquisa trilhou caminhos teóricos seguindo os estudos inseridos nos subcampos disciplinares da antropologia do desenvolvimento e do meio ambiente. Dessa forma, se colocou a questão sobre as implicações desse regime discursivo que é o “desenvolvimento” como necessidade primordial na sociedade capitalista contemporânea, que produz modos de vida permitidos, enquanto impossibilita e desqualifica outros. Por meio de um estudo de caso envolvendo pescadores artesanais situados nos municípios confrontantes a região marítima conhecida como Bacia de Santos, o objetivo deste projeto, além de fomentar a formação disciplinar e a iniciação científica dos (as) bolsistas, foi produzir análises sobre os conflitos e os efeitos socioambientais das políticas de desenvolvimento associadas a grandes projetos do setor petrolífero, sobre grupos considerados “atingidos” ou em situação de vulnerabilidade social, como os pescadores artesanais. A configuração de conflitos socioambientais e as suas formas de mobilização identitária (como povos tradicionais, ou caiçaras) e política também foram alvo de caracterização e análise. (Coordenação de Deborah Bronz)
Desenvolvimento e conflitos socioambientais no município de Tanguá, região metropolitana do Rio de Janeiro (2021 - )
O município de Tanguá foi o território escolhido para realização da pesquisa etnográfica, um município com cerca de 35 mil habitantes, localizado na região metropolitana do Rio de Janeiro, na “periferia” de grandes empreendimentos propostos no estado, a exemplo do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – COMPERJ. Desse lugar, os moradores assistem às promessas de “desenvolvimento”, enunciadas nos discursos dos integrantes da administração municipal para justificar a instalação dos empreendimentos industriais, a despeito dos inúmeros impactos e conflitos que produzem. O projeto de pesquisa associado a essa proposta trilhou caminhos teóricos seguindo o rastro de estudos inseridos nos subcampos disciplinares da antropologia do “desenvolvimento” e do “meio ambiente”. Dessa forma, se colocou a questão sobre as implicações desse regime discursivo que é o desenvolvimento como necessidade primordial na sociedade capitalista contemporânea, que produz modos de vida permitidos e impossibilita e desqualifica outros (Escobar, 2001). (Coordenação de Deborah Bronz)
PQ - Práticas Antropológicas: conflitos intergrupos e experiência colonial compartilhada (2019 - 2022)
O objetivo deste projeto foi desenvolver novas reflexões e pesquisas etnográficas no Baixo Amazonas, em situações sociais que já vinham sendo por mim investigadas em condições de trabalho de campo ao longo de duas décadas e meia, nas quais são implementados projetos desenvolvimentistas de construção da nação promovidos por empreendimentos capitalistas e o estado modernizante considerados como os dois mais importantes poderes que organizam o espaço hoje. Este projeto modernizador de construção do Estado-nação brasileiro não envolveu apenas os governantes que tentam implementá-lo, mas também aqueles que lutam contra seus efeitos negativos em espaços políticos legais estabelecidos. Assim, juntamente com o projeto modernizador, são configuradas novas formas de fazer história, principalmente após a Constituição Federal de 1988, mediante o reconhecimento das terras tradicionalmente ocupadas por indígenas, quilombolas e outras categorias de povos tradicionais. (Coordenação de Eliane Cantarino O’Dwyer)
Etnicidade, Práticas Culturais e Formas de Organização Social em um Contexto Regional do Baixo Amazonas (2016 - 2018)
“Etnicidade, práticas culturais e formas de organização social em um contexto regional do Baixo Amazonas”, teve por objetivo refletir sobre as diferentes dinâmicas de produção e manutenção de fronteiras sociais e identidades étnicas em um contexto regional por meio de uma análise etnográfica dos diversos processos de reificação de elementos culturais como sinais diacríticos pelos atores sociais. As práticas e crenças religiosas que fazem parte de uma cosmologia amazônica e suas formas de expressão na vida cotidiana, ao estabelecer fronteiras e laços de solidariedade entre grupos e indivíduos nos contextos de interação, levantaram igualmente a questão relativa aos processos de codificação, transmissão e reprodução desse corpo de conhecimento e como se encontram distribuídos entre indivíduos e grupos. Este tipo de análise fundamentado em pesquisa etnográfica se propôs a contribuir para a discussão da produção da etnicidade e a organização social dos significados e formas significativas a partir de um contexto regional do baixo Amazonas. (Coordenação de Eliane Cantarino O’Dwyer)
Práticas de Estado e Processos de Reconhecimento Territorial: etnografando um projeto de desenvolvimento rural com indígenas em São Paulo (2017 - 2019)
Este projeto de pesquisa se ligou à proposta do Grupo de Estudos Amazônicos – GEAM de fomentar a consolidação de uma linha de pesquisa que vincula os estudos sobre etnicidade com os estudos de Antropologia do Poder e Antropologia do Desenvolvimento, por meio da produção de etnografias sobre situações de conflitos socioambientais associadas à demandas por reconhecimento de direitos territoriais, focalizando as práticas de governabilidade estatais, empresariais e dos organismos de cooperação internacional. Propôs-se aqui como recorte a análise das situações sociais relacionadas ao Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias II, promovido desde 2008 pelo Governo do Estado de São Paulo em parceria com o Banco Mundial e realizado com agricultores familiares, comunidades indígenas e quilombolas. A pesquisa teve como enfoco as concepções atreladas à ideia de “desenvolvimento rural sustentável”, na análise dos dispositivos de governança adotados por esse Projeto, considerado como uma política pública estadual, e seus efeitos socioculturais no âmbito da Terra Indígena Araribá (TIA), que é composta por quatro aldeias: Ekeruá (etnia Terena), Kopenoty (etnia Terena), Nimuendajú (etnia Guarani) e Tereguá (etnias Terena e Guarani). (Coordenação de Deborah Bronz)
Grupo de Trabalho Práticas de Pesquisa em Antropologia do Poder (2016 - 2022)
Orientação de pesquisas relacionadas às seguintes temáticas: desenvolvimento, poder, práticas políticas, Estado, mercado e consumo, meio ambiente e povos tradicionais. (Coordenação de Deborah Bronz)
Interseções de conhecimentos etnográficos e arqueológicos em contextos do Baixo Amazonas: o caso do território do Aiaiá em Santarém, Pará (2014 - 2017)
Este projeto buscou refletir sobre processos socioculturais de ocupação territorial em um contexto regional do Baixo Amazonas, por meio de análises etnográficas e arqueológicas de diferentes formas de produção e manutenção de fronteiras sociais e identidades étnicas, suas relevâncias e implicações para as formas de produção e reprodução de tradições de conhecimento. Buscou-se compreender as dinâmicas de construção, desconstrução e reconstrução de relações entre os atores sociais diversamente posicionados no contexto do território Aiaiá, suas estratégias de ocupação e usufruto dos recursos ambientais renováveis. Entende-se que estas relações sociambientais se apresentam como componentes inalienáveis das condições socioculturais dos grupos e de sua reprodução com sustentabilidade, segundo modos de fazer, criar e viver. Desta forma, pretendeu-se explorar através da articulação entre arqueologia e antropologia, as fronteiras e as mudanças no processo de ocupação desses territórios. Por fim, este projeto interpelou a antropologia e a arqueologia como disciplinas pela capacidade de ambas para revelar as conexões entre a atualidade de uma existência social e cultural e sua memória. O desenvolvimento deste projeto permitiu fornecer elementos de tradicionalidade de práticas organizativas e culturais assim transformadas em costumes, bem como restituir as especificidades das populações locais em toda sua diversidade. (Coordenação de Eliane Cantarino O’Dwyer)
Desigualdades sociais, conflitos e violência no Brasil contemporâneo (2012 - 2015)
A investigação das dinâmicas sociais que engendram e perpetuam relações de desigualdade social no Brasil e que produzem situações variadas de conflito e violência é uma área estratégica da investigação antropológica no PPGAS. Levada a cabo por pesquisadores com vasta experiência de investigação e atuação junto a segmentos sociais variados, esta investigação pretendeu fornecer elementos que pudessem contribuir para a reflexão e a busca de soluções acerca dos processos que incorporam e geram desigualdades, da heterogeneidade de respostas políticas, sociais e culturais dadas pelos atores sociais às situações em que se localizam. Para tanto, lidou com um amplo espectro de populações e instituições sociais, de modo a compor o quadro complexo das relações assimétricas e violentas que perpassam a sociedade brasileira contemporânea. Seu objetivo final foi estabelecer ou aprofundar espaços de interlocução entre formuladores de políticas públicas, estivessem elas em organizações governamentais ou não governamentais, e produtores intelectuais atuantes na academia e com longa tradição de diálogo com movimentos sociais e atores diversos. (Coordenação de Antônio Carlos de Souza Lima / Integrante: Deborah Bronz)
Etnicidade, práticas culturais e processos de territorialização em um contexto regional do Baixo Amazonas (2012 - 2015)
O objetivo deste projeto foi refletir sobre as diferentes dinâmicas de produção e manutenção de fronteiras sociais e identidades étnicas em um contexto regional do baixo Amazonas, por meio de uma análise etnográfica dos diversos processos de reificação de elementos culturais como sinais diacríticos pelos atores sociais, assim como dos processos socioculturais de ocupação territorial, suas relevâncias e implicações para as formas de produção e reprodução de tradições de conhecimento e/ou o que também é conceitualmente chamado de cultura na perspectiva antropológica. No campo acadêmico, o projeto de pesquisa pretendeu contribuir para o debate sobre a produção da etnicidade, que não decorre de descontinuidades culturais empiricamente observáveis, a partir de uma análise etnográfica dos diversos processos de reificação dos elementos culturais como sinais diacríticos pelos atores sociais e dos modos como as representações socioculturais tornam-se uma questão de organização social, isto é, como os significados e suas expressões encontram-se diferentemente distribuídos entre pessoas e grupos nos contextos de interação. (Coordenação de Eliane Cantarino O’Dwyer)
Observatório dos Conflitos Ambientais: devolução, atualização e capacitação de usuários (2012 - 2013)
O Mapa dos Conflitos Ambientais no Estado de Minas Gerais foi um projeto realizado desde 2007 pelo Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais da Universidade Federal de Minas Gerais (GESTA/UFMG) em parceria com o Núcleo de Investigação em Justiça Ambiental da Universidade Federal de São João del-Rei (NINJA/UFSJ) e o Núcleo Interdisciplinar de Investigação Socioambiental da Universidade Estadual de Montes Claros (NIISA/UNIMONTES). Buscou-se, através da pesquisa em interface com a extensão, refletir sobre os processos hegemônicos de apropriação do território, ao mesmo tempo em que se almejou uma ação que propiciasse visibilidade e fortalecimento político-participativo de populações afetadas por lógicas excludentes de exploração da natureza. (Coordenação de Eliane Cantarino O’Dwyer)
Identificação e Delimitação de Territórios Quilombolas no Brasil (2011 - 2014)
Este projeto teve por objetivo ações de acompanhamento, supervisão e assessoria ao INCRA na elaboração de quarenta relatórios antropológicos de caracterização histórica, econômica e sociocultural das áreas quilombolas autoidentificadas como remanescentes de quilombos, visando a identificação, o reconhecimento e a titulação dos seus territórios de ocupação tradicional. A ABA, no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica assinado com o INCRA e mediante dotação feita pela Fundação Ford, realizou o acompanhamento e avaliação de, pelo menos, quarenta relatórios antropológicos de caracterização histórica, econômica e sociocultural das áreas quilombolas autoidentificadas como remanescentes de quilombos, visando à identificação, o reconhecimento e a titulação dos seus territórios de ocupação tradicional. (Coordenação de Eliane Cantarino O’Dwyer)
Etnicidade, práticas culturais e formas de organização social em um contexto regional do baixo Amazonas (2010 - 2015)
O objetivo deste projeto foi refletir sobre as diferentes dinâmicas de produção e manutenção de fronteiras sociais e identidades étnicas em um contexto regional por meio de uma análise etnográfica dos diversos processos de reificação de elementos culturais como sinais diacríticos pelos atores sociais. As práticas e crenças religiosas que fazem parte de uma cosmologia amazônica e suas formas de expressão na vida cotidiana, ao estabelecer fronteiras e laços de solidariedade entre grupos e indivíduos nos contextos de interação, levantam igualmente a questão relativa aos processos de codificação, transmissão e reprodução desse corpo de conhecimento e como se encontram distribuídos entre indivíduos e grupos. Este tipo de análise fundamentado em pesquisa etnográfica se propôs a contribuir para a discussão da produção da etnicidade e a organização social dos significados e formas significativas a partir de um contexto regional do baixo Amazonas. (Coordenação de Eliane Cantarino O’Dwyer)
Projeto de regularização de territórios quilombolas do oeste do Pará (2008 - 2010)
O Projeto de Regularização de Territórios Quilombolas no Oeste do Pará visou, a partir da elaboração de estudos transdisciplinares para a delimitação de territórios de comunidades remanescentes de quilombos do Estado do Pará, contribuir para o resgate do direito às terras onde historicamente as famílias quilombolas têm vivido, resistido à violência da discriminação e da exclusão social. Tal projeto foi realizado através de uma parceria entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária em Santarém, Estado do Pará, e a Universidade Federal Fluminense (UFF), a fim de elaborar estudos em sete territórios de comunidades quilombolas (Murumurutuba, Maicá, Murumuru, Nossa Senhora das Graças do Paraná de Baixo, Tiningu, Maria Valentina e Muratubinha, Mondongo e Igarapé-açu dos Lopes). Os estudos elaborados mediante pesquisa de campo, realizada por professores e alunos de pós-graduação em Antropologia, História e Geografia da UFF, no período que ocorreu de julho de 2008 até 30 de junho de 2009, serviram de base para que os processos de titulação das comunidades remanescentes de quilombos pudessem ser encaminhados pelo INCRA, segundo procedimento regulamentado pelo Decreto N. º 4.887, de 20 de novembro de 2003 e na Instrução Normativa N. º 20, de 19 de setembro de 2005. (Coordenação de Eliane Cantarino O’Dwyer)
Políticas para a diversidade e os novos sujeitos de direitos: Estudos antropológicos das práticas, gêneros textuais e organizações de governo. Nomadismo, unidades de parentesco e topônimos: O caso Awá-Guajá (2006 - 2012)
Este projeto visou estudar, em perspectiva sociogenética e etnográfica, como a administração pública, através de seus agentes (autores/atores) e agências, fez frente aos imperativos constitucionais colocados a partir de 1988 no Brasil no sentido do reconhecimento do caráter pluriétnico da sociedade brasileira. Para isso, enfocou as respostas às demandas por políticas públicas diferenciadas por parte de segmentos sociais, variados e dotados de distintos pontos de vista, organizados em movimentos e associações, que questionaram o exercício concreto dos poderes de Estado, buscando enfrentar desafios muitas vezes representados como novos , através de modalidades de intervenção social igualmente concebidas como novas , focando-se sobretudo no estudo das políticas indigenistas (para terra, saúde, educação e etnodesenvolvimento). (Coordenação de Antônio Carlos de Souza Lima / Integrante: Eliane Cantarino O’Dwyer)
Recuperación documental y análisis de la sostenibilidad de la cultura Awá (Maranhão, Brasil) (2006 - 2007)
Los indios Awá (también conocidos como Guajá), que habitan en la pre-amazonía marañense, viven sus últimos momentos como cazadores-recolectores, ya que la FUNAI les está transformando en agricultores. Este proyecto se plantea dos objetivos: 1) documentar su cultura tradicional antes de que desaparezca, y 2) proporcionar información que permita a la FUNAI plantear políticas de protección alternativas que hagan sostenible la estrategia tradicional. (Coordenação de Almudena Hernando Gonzalo / Integrante: Eliane Cantarino O’Dwyer)
Nomadismo, unidades de parentesco e topônimos: o caso Awá-Guajá (2006 - 2005)
O objetivo deste projeto foi entender como se constituíram, ao longo dos anos 1990 e já no século XXI, as políticas de governo (de educação, em especial superior -, de saúde, fundiária, de segurança, de justiça, de igualdade racial, de gênero dentre outras) voltadas para a efetivação e gerenciamento dos direitos culturalmente diferenciados e dos direitos especiais, fixando-se em novos nichos ou redefinindo antigos, capturando práticas, estabelecendo doutrinas e discursos, padrões legais de operação e moralidades. Foi julgado que análises do funcionamento de instituições, práticas, retóricas, gêneros textuais e padrões performativos poderiam ser úteis na sua revisão e na disseminação de outros pressupostos que poderiam contrabalançar efeitos impensados dos procedimentos adotados capazes de transitar na direção opostas, criando novos patamares de desigualdades e conflito. A disseminação extra-acadêmica, a formação e a capacitação de quadros foram igualmente objetivos da proposta. (Coordenação de Eliane Cantarino O’Dwyer)
As políticas públicas e os direitos culturalmente diferenciados no Brasil pós-Constituição de 1988: uma antropologia das transformações socioculturais da administração pública no Brasil (2005 - 2007)
Este projeto visou estudar em perspectiva sociogenética e etnográfica, como a administração pública, através de seus agentes (autores/atores) e agências, fez frente aos imperativos constitucionais colocados a partir de 1988 no Brasil no sentido do reconhecimento do caráter pluriético da sociedade brasileira. Para isso, enfocou as respostas às demandas por políticas públicas diferenciadas por parte de segmentos sociais, variados e dotados de distintos pontos de vista, organizados em movimentos e associações, que questionaram o exercício concreto dos poderes de Estado, buscando enfrentar desafios muitas vezes representados como “novos”, através de modalidade de intervenção social igualmente concebidas como “novas”, focando-se sobretudo no estudo das políticas indigenistas (para terra, saúde, educação e etnodesenvolvimento). (Coordenação de Antônio Carlos de Souza Lima / Integrante: Deborah Bronz)
Nação e cultura política no Brasil e na Argentina (2005 - 2006)
Fortalecimiento institucional del MERCOSUR: Política, Mujer, Cultura e Integración. (Coordenação de Fernando Rabossi / Integrante: Deborah Bronz)
Arqueología y etnoarqueología de los Awá-Guajá (Maranhão, Brasil) (2005 - 2006)
Tradicionalmente (e ainda hoje os “autônomos”), os Awá-Guajá viviam em grupos formados por duas ou mais famílias que se comunicavam com outros grupos em determinado território, formando-se assim um macro-grupo que permitia a reprodução biológica (Gomes e Mireilles 2002: 4). Cada grupo reconhece como própria uma parte do território que compartilha, que chamam harakwa (“o meu território”) ou hakwa (“o território de outro”) (O’Dwyer 2002, sp) e “que usam integralmente como fonte de vida e conhecimento”, segundo Mércio Gomes e Mireilles (2002: 4). Cada caçador respeita os limites do seu harakwa e não interfere nos de outros, o que significa que o território de caça não se distribui ao acaso, mas que é perfeitamente organizado. Todavia, devido às invasões e agressões sofridas, tiveram que abandonar os seus tradicionais hakwas e recriar os novos territórios na zona para a qual foram deslocados pela FUNAI pela sua proteção. Nestes territórios tiveram que reconstruir um patrão de mobilidade diferente. Contudo, a apropriação e identificação com o novo território é tal, que Eliane Cantarino O’Dwyer assinala que “ao perguntar sobre os nomes das famílias residentes no posto indígena, os Awá entrevistados respondiam designando o nome dos territórios de caça-coleção utilizados por eles -os harakwas. Assim, os nomes da família eram identificados com os nomes dos habitats” (O’Dwyer 2002, sp). Ainda por cima, O’Dwyer observou, num estudo inicial, que através do estudo dos topônimos que utilizam, se podia “decifrar a combinação que fazem entre as localidades atuais e os habitats que deixaram desocupados para trás” (ibidem). Este fato, oferece a magnífica possibilidade de analisar os mecanismos cognitivos que permitem a orientação espacial e a apropriação do território dos grupos caçadores-coletores e o modo em que vão atribuindo significados ao espaço até transformá-lo, como se tem assinalado (Gomes e Meirelles 2002: 4), na sua principal “fonte de vida e conhecimento”. (Coordenação de Almudena Hernando Gonzalo / Integrante: Eliane Cantarino O’Dwyer)